Saiba as estatísticas de mudança e conheça mais sobre a jornada e o dia a dia das mulheres no ambiente de trabalho.

Nas últimas décadas as mulheres conquistaram um espaço importante no mercado de trabalho brasileiro, mas muitos desafios ainda estão presentes. Isso porque a discriminação ainda é existente e a igualdade não faz parte da realidade da maioria dos espaços. De acordo com dados da Organização Internacional do Trabalho (OIT), a economia brasileira poderia aumentar em até 382 bilhões de reais se incluísse mais mulheres no mercado até 2025. Com o objetivo de compartilhar um pouco sobre a situação atual das mulheres no mercado de trabalho e a importância de apoiar o trabalho de mulheres, o artigo de hoje do blog da Cerveja Sapatista traz um panorama geral sobre o assunto e alguns dados relevantes para entendermos o valor da força de trabalho feminina.

Trabalho das mulheres: estatísticas de um mercado desigual
Projeção de avanços nos próximos anos


Com o passar dos anos, a presença feminina no mercado de trabalho brasileiro, passou de 56,1% em 1992 para 61,6% em 2015, com projeção para atingir 64,3% no ano de 2030, de acordo com os dados do IPEA (2019). Enquanto isso, o mesmo estudo indica que a taxa de participação masculina no mercado de trabalho tende a cair, projetando que em 2030 ela será de 82,7%, inferior aos 89,6% observados em 1992.
No entanto, apesar do maior número de mulheres trabalhando por aqui, esses mesmos dados indicam que há uma grande disparidade entre a participação dos homens e das mulheres no mercado de trabalho. E essa está relacionada com o papel social e cultural imposto às mulheres como as principais responsáveis pelos cuidados familiares e trabalhos domésticos. Entre os principais determinantes estão a presença de filhos, a renda domiciliar per capita e o nível educacional da mulher.
Pagar salários diferentes para homens e mulheres que ocupam um mesmo cargo em uma empresa é proibido por lei. Porém, infelizmente, isso não é suficiente para acabar com a desigualdade salarial, ainda relacionada a vários preconceitos. De acordo com o relatório Global Gender Gap Report (Relatório Global sobre a Lacuna de Gênero) de 2020, do Fórum Econômico Mundial, o Brasil figura a 130° posição em relação à igualdade salarial entre homens e mulheres que exercem funções semelhantes, em um ranking contendo 153 países.
No que se refere à questão da representatividade, um estudo divulgado pelo IBGE evidencia que as mulheres são sub-representadas em várias áreas, como na política e também nos cargos gerenciais. Ainda, o total das mulheres no trabalho precário e informal é de 61%, sendo 13% superior à presença dos homens (54%). A mulher negra tem uma taxa 71% superior à dos homens brancos e 23% delas são empregadas domésticas. Conforme dados do IBGE (2019), atualmente uma mulher negra recebe em média cerca de 44,4% de renda média dos homens brancos, que estão no topo da escala de remuneração no Brasil.
Além disso, as mulheres são frequentemente vítimas de abusos e assédios morais e sexuais no ambiente de trabalho. Segundo a Agência Patrícia Galvão (2020), cerca de 40% das mulheres já foram xingadas ou ouviram gritos em ambiente de trabalho, contra apenas 13% dos homens. Esses dados demonstram como, apesar das conquistas das últimas décadas, as mulheres ainda enfrentam um cenário de desigualdade e discriminação no mercado de trabalho em nosso país.

Trabalho das mulheres e as jornadas duplas e triplas
O efeito dessas jornadas em suas vidas pessoais


Embora as mulheres tenham passado a ter trabalhos remunerados, isso não as isentou do trabalho doméstico. Afinal, geralmente são elas as responsáveis por limpar a casa, lavar as roupas, cuidar dos filhos etc. Ainda falando sobre desigualdade, de acordo com pesquisa do IBGE, as mulheres gastam o dobro do tempo dos homens em atividades domésticas. Enquanto eles gastam em média 10,9 horas por semana, as mulheres gastam 21,3 horas. Além disso, nosso sistema estatístico não contabiliza o trabalho não remunerado da mulher, especialmente o trabalho realizado no âmbito familiar. Esse tipo de trabalho não possui a devida valorização social, muitas vezes, nem pelas próprias mulheres. O resultado dessas jornadas duplas e por vezes triplas são mulheres mega sobrecarregadas.
A variável associada à presença de filhos parece ser um fator inibidor da entrada da mulher na força de trabalho. De acordo com um estudo divulgado pela Crescer, 94% das mulheres sentem dificuldade de conciliar a maternidade com o trabalho. A maioria das mães precisam deixar os bebês muito cedo em creches para voltar ao trabalho externo e sofrem muito preconceito por isso. Em razão disso, muitas acabam recusando propostas de emprego ou deixam de ser promovidas pelo fato de terem se tornado mães.
Porém, segundo dados de um estudo do IPEA (2014), a presença de filhas adolescentes pode gerar incentivos na participação da mulher no mercado de trabalho, na medida em que haveria uma realocação entre mãe e filha das obrigações domésticas (para o cuidado com a casa e dos filhos menores), fator que não foi observado quando há a presença de filhos adolescentes.

Trabalho das mulheres: a luta e a resistência do dia a dia
Como começou e como está hoje


A luta das mulheres por um espaço no mercado de trabalho é antiga e um dos principais marcos da entrada foi a revolução industrial. Com o avanço dos processos de industrialização, a partir da década de 1930, o aumento da demanda por mão de obra abriu espaço para que as mulheres saíssem de casa e entrassem nas indústrias.
Porém, essa entrada não se deu de maneira igualitária, as mulheres recebiam salários menores que os homens para desempenhar as mesmas funções. Antes disso, diversas delas se dedicavam exclusivamente ao trabalho doméstico, garantindo uma base sólida para que os homens pudessem trabalhar fora.
Com a colocação no mercado de trabalho, as mulheres seguiram lutando e em meados de 1970, o movimento feminista explodiu nos EUA, atingindo com força também o Brasil. Os gritos por liberdade, igualdade de gênero e direitos das mulheres ecoaram por toda a América, dando início a um longo processo de lutas e muitas conquistas.
Atualmente, a legislação trabalhista nacional garante direitos fundamentais à mulher em relação ao trabalho, prevendo formalmente a proteção e a promoção das mulheres na esfera profissional. Porém, apenas a existência de regras não acarreta em mudanças comportamentais e culturais na sociedade. Um exemplo é a questão da igualdade salarial, sendo que por mais que uma norma a respeito do assunto esteja vigente desde 1988, os dados apurados mostram que a remuneração das mulheres ainda é inferior quando comparada à dos homens.
Com o objetivo de colocar em prática a equidade de gênero, muitas empresas estão se adaptando à realidade da mulher no mercado de trabalho, flexibilizando os horários e formas de atuação, mas ainda há muito o que se debater e conquistar. As redes de apoio entre mães e mulheres também estão crescendo e se mostram valiosíssimas nesse processo de estabilidade e inserção das profissionais no mercado.

Assim, para que a equidade seja alcançada, é necessário que haja uma conscientização sobre a situação das mulheres não apenas no mercado de trabalho, mas na sociedade como um todo. Por isso trouxemos esse tema tão importante para o blog e te convidamos a nos ajudar a divulgar e debater sobre as mulheres no mercado de trabalho. Vamos juntas apoiar umas as outras e ajudar a mudar esse cenário?

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