Junho indica que metade do ano já passou. Junho, ainda, é o mês des geminianes – signo considerado controverso e polêmico. Mas, para aquecer os corações neste mês, onde se inicia o inverno em solo brasileiro, é em Junho que celebramos o mês do orgulho LGBTQIA+ em todo o mundo.
O período se dá em função de um ato revolucionário ocorrido nos Estados Unidos em 28 de junho de 1969. O bar Stonewall Inn, em Nova Iorque, era o segundo lar do público LGBTQIA+, que era marginalizado pela sociedade, a mesma que considerava o fato de não ser heterossexual, até pouco tempo, um crime. No Stonewall, todos eram livres para ser e expressar aquilo que eram de verdade e que, por inúmeras vezes, ficava reprimido.
Declarado como monumento histórico da cidade de Nova Iorque em 2015, o Stonewall do início dos anos 70 sofria exacerbada opressão policial. Seus frequentadores eram, constantemente, agredidos, assediados e até mesmo presos. Cansados de tanta violência e humilhação, na madrugada do dia 28 de junho de 1969, todos que estavam frequentando o local se rebelaram: deu-se a Revolta de Stonewall.
Para responder à resistência de alguns, a polícia reforçou a violência, e isso foi o estopim para o início do embate. A multidão, enfurecida, começou a jogar pedras e garrafas nos policiais e no prédio que sediava o bar – encurralando agentes e alguns frequentadores no interior do local. Pancadaria, tropa de choque e incêndio marcaram a noite que deu início à luta LGBTQIA+. Depois dessa noite, aconteceram protestos nos arredores do Stonewall Inn durante dias.
A importância de se ter um mês do orgulho LGBTQIA+
Dado o pontapé inicial, cada vez mais as pessoas passaram a ter confiança e começavam a fazer questão de mostrar, para quem quisesse ver, como elas realmente eram e se comportavam. Inicia-se, aqui, o movimento do ORGULHO LGBTQIA+. Essa movimentação é importante porque vem respaldada por décadas de luta, sofrimento e discriminação.
Há uma dívida histórica da sociedade com os LGBTQIA+ que nunca será saldada. Entretanto, é possível que consigamos, em algum momento, chegar a um modelo social que seja igualitário, sem distinções. É justamente por isso que o mês do orgulho LGBTQIA+ é de grande importância. Mesmo com todo o acesso à informação de qualidade e de fontes confiáveis, o conservadorismo e todos os pré-conceitos acerca daquilo que está “fora dos parâmetros normais” ganham força e estão no cotidiano de milhares.
Mês do orgulho LGBTQIS+: visibilidade e representatividade importam sim
Gays precisam ser curados; homossexuais vão para o inferno; bullying nas escolas; violência em locais públicos; discriminação dentro do círculo familiar; perseguição política e religiosa; ódio constante virtual e presencialmente; boicotes no mercado de trabalho… Os absurdos sofridos até hoje pelos LGBTQIA+ motivam a intensificação da luta e dão força para diversas frentes de movimentos que reivindicam coisas básicas, como direitos iguais e respeito.
Seres humanos são diversos e únicos. Conviver e respeitar as diferenças deveria ser algo natural. O desenvolvimento de uma sociedade mais tolerante, inclusiva e respeitosa ainda está longe de se concretizar, e é por isso que devemos ressaltar a importância do mês do orgulho LGBTQIA+ e fortalecer a luta. É fácil? Não. Estudos mostram que a LGBTfobia é uma constante em crescimento. Os crimes mais registrados são ameaça, injúria, calúnia e difamação, furto, roubo, estelionato e lesão corporal.
Dados do Sistema Único de Saúde (SUS) mostraram que, a cada hora, um LGBTQIA+ é agredido no Brasil. A pesquisa, realizada pela Fiocruz e outras entidades em 2020, aponta para um cenário ainda pior, uma vez que nem todas as agressões são registradas. Durante a pandemia, também constatou-se uma grande porcentagem de desemprego entre os LGBTQIA+ no país: 21,6% estão sem trabalho.
Se pararmos para pensar em todas as adversidades, o contexto pode parecer muito ruim – e é. Entretanto, precisamos dar continuidade a tudo que já foi feito até agora e fomentar a busca por reconhecimento, equidade, ocupação de espaços, conquistas. Muito mais que reconhecer as diferenças, precisamos naturalizá-las. Representatividade é de suma importância, principalmente quando nos referimos às minorias, pois é ela quem fortalece, impulsiona e tem condições de promover mudanças na sociedade.
Muitos são os dissabores vividos diariamente por todos que buscam aceitação, melhores oportunidades e direitos que deveriam já estar garantidos. A discriminação generalizada em todos os vieses da sociedade precisa ser exterminada. Reprimir aquilo que é intrínseco é errado, faz mal. Aceitação, entendimento e muita força são necessários para que a luta diária continue. Acolhimento, respeito, afeto e amor, também. Que o desejo de uma sociedade melhor muito em breve se realize – é o que todes queremos. Parafraseando Lispector, digo com toda a certeza: não espere que os outros te olhem e te amem. Tu olhas pra ti, e te amas. É o que está certo.
Entenda o significado da sigla LGBTQIA+
Inicialmente LGBT, a sigla agregou letras e é, atualmente, LGBTQIA+. Cada letra tem um significado, que compreende grupos de pessoas que não se identificam com a binaridade de gênero e/ou com a cis heteronormatividade.
L – LÉSBICAS:
Mulheres que sentem atração afetiva e sexual por outras mulheres.
G - GAYS:
Homens que sentem atração afetiva e sexual por outros homens.
B – BISSEXUAIS:
Pessoas que sentem atração afetiva e sexual por outras pessoas, independente do gênero.
T – TRAVESTIS E TRANSEXUAIS:
Pessoas que não se identificam com o gênero designado no nascimento.
Q – QUEER:
Pessoas que se identificam com a fluidez de gênero (generofluido, agênero, andrógino etc.).
I – INTERSEXUAIS:
Não se encaixam na binaridade de sexo feminino/masculino por questões hormonais, genitais, cromossômicas ou outras características biológicas.
A – ASSEXUAIS:
Pessoas que sentem pouca ou nenhuma atração sexual por outras pessoas.
+:
+:
Representa a inclusão de outras identidades como pansexuais (atração independente do gênero) e não-bináries (não se identificam com a binaridade dos gêneros).
Fonte: Pajubá Psicologia LGBTQIA+