As invenções de mulheres não se resumem apenas à descoberta da cerveja, mas sim a muitas outras que hoje são essenciais na nossa sociedade e sem as quais não nos imaginamos. Mas, se as mulheres são muito importantes para a nossa sociedade, por que ainda hoje sofremos tantos preconceitos e não somos reconhecidas?
Nesse sentido, para que um dia se alcance uma verdadeira igualdade de gênero na sociedade, é fundamental identificar e valorizar o trabalho das mulheres.
A longa jornada da valorização da mulher
Durante muitos séculos, as mulheres eram vistas pela sociedade como um ser inferior, incapaz, que deveria ser submisso e servir e satisfazer os desejos dos homens. Sendo assim, às mulheres, era designado o papel de dona de casa, as quais deveriam se dedicar apenas às vontades dos homens, cuidar da casa e serem responsáveis pela educação dos filhos.
Por outro lado, aquelas mulheres que não se enquadraram no que a sociedade designava para elas eram perseguidas e mortas, como aconteceu na Idade Média durante a “caça às bruxas”.
A Idade Média
Ao final da Idade Média, começaram a surgir (ou ressurgir) alguns códigos que se referiam às mulheres, mas estes impunham restrições aos direitos das mulheres, bem como deixavam claro que elas eram inferiores aos homens.
Entretanto, no final desse período, com o crescimento urbano e econômico, a mulher foi começando a ser inserida em alguns espaços de trabalho. Mas, claro, ainda obrigada a se dedicar a casa. Porém, mesmo assim, não havia a possibilidade da mulher ter uma formação profissional ou científica, e sua prioridade deveria ser a área da família e economia doméstica.
A Revolução Francesa
Além disso, durante a revolução francesa, muitas mulheres já estavam exaustas da sujeição à sociedade machista. E foi nesse período que a escritora Olympe de Gouges propôs a “Declaração do Direito da Mulher”.
Contudo, em 1739, Gouges foi sentenciada à morte, acusada de ter deixado de lado os benefícios de seu gênero e tentar ser um homem de Estado. Por isso, foi guilhotinada. Nesse sentido, este fato uniu mais ainda muitas mulheres na luta pelos seus direitos, que seguiram insatisfeitas e cobrando da sociedade a igualdade. Por consequência, o feminismo ganha cada vez mais força.
A história se manteve assim durante muito tempo, mas não ache que acabou. Nesse sentido, ainda vivemos em uma sociedade desigual e machista, onde somos vítimas de feminicídos, estupro e somos vistas como inferiores em nossos trabalhos.
Além disso, muitas mulheres ainda se dedicam, de forma exclusiva, às atividades domésticas, com destaque às mulheres pretas e pobres. Sendo assim, muitas exercem atividades domésticas na casa de outras mulheres que hoje têm o privilégio de não precisar cuidar da sua própria casa, retornam e seguem a jornada dupla em seus lares.
Invenções de mulheres: a começar pela cerveja
Uma das invenções de mulheres e que, sem dúvidas, hoje ainda é atribuída ao universo masculino, desde a produção até o consumo, é a cerveja.
Nesse sentido, essa maravilha que tanto nos alegra hoje foi descoberta há cerca de 8 mil anos, quando a civilização passou a cultivar grãos e cereais como fonte de alimentação.
Além disso, conta a história que um pão acabou sendo esquecido e fermentou a ponto de possuir algum teor alcoólico. A partir disso, temos o primeiro pão líquido da história, que hoje conhecemos como cerveja! E, à época, as mulheres eram responsáveis pelos afazeres domésticos e produção dos alimentos e bebidas para o sustento de todas as pessoas da casa.
Nesse sentido, essa é uma das invenções de mulheres que permite chamá-las de Deusas até a eternidade. E, acredite, elas realmente eram consagradas como tal por produzirem o líquido sagrado. E foi assim durante muito tempo: eram as mulheres que detinham o conhecimento das receitas e que produziam as melhores cervejas. Assim, elas serviam tanto de alimento para a família como também eram vendidas como forma de incrementar a renda familiar.
Hildegard Von Bingen e as propriedades do lúpulo
E a história não para por aí, pois, dentro do universo cervejeiro, temos mais invenções de mulheres, como a própria descoberta das propriedades conservantes dos lúpulos. Graças a esse fato, ele passou a ser utilizado na cerveja.
Essa grande descoberta foi graças a Hildegard Von Bingen. Ela foi a primeira pessoa a estudar o lúpulo de forma científica, descrever suas propriedades medicinais e conservantes e indicar a sua utilização para a preservação do líquido sagrado. Nesse sentido, a história das mulheres na cerveja é bem mais longa do que isso e, se você quer saber tudo sobre esse assunto, acesse nosso post Mulher Cervejeira: cerveja também é coisa de mulher.
Invenções de mulheres: 7 descobertas revolucionárias das mulheres
Infelizmente, diversas invenções de mulheres não foram atribuídas a suas verdadeiras desenvolvedoras em vida. Abaixo, destacamos algumas dessas descobertas:
Tecnologia das Comunicações
Shirley Ann Jackson é uma física dos EUA, Ph.D em física nuclear e a primeira mulher negra a obter doutorado em Massachusetts e premiada em ciências físicas.
Além disso, foi a Dra. Shirley Jackson que criou o identificador de chamadas e que desenvolveu pesquisas na área da física. Nesse sentido, foram essas descobertas que permitiram a invenção do faz portátil, chamadas de espera nos telefones e os cabos de fibra óptica.
Portanto, essa mulher merece todo o nosso reconhecimento, pois é um grande exemplo da capacidade das mulheres de alcançarem níveis de liderança em ciências, tecnologia, educação e políticas públicas.
Não obstante, ser mulher e preta em uma sociedade machista e racista deve ser algo muito duro. Mesmo assim, Shirley conquistou diversos espaços e sempre carregou consigo a sede por promover justiça social. Além disso, Dra. Shirley Jackson organizou a União dos estudante Negros (Black Students Union) em Massachusetts e lutou para aumentar o número de negros na instituição. Com isso, em apenas um ano, conseguiu subir de 3 estudantes para 57.
Invenções de mulheres: Escada de emergência
Dentre as várias invenções de mulheres, essa com certeza é a que mais você viu quando pensa nas construções dos Estados Unidos. Estamos falando da escada de emergência posicionada do lado de fora dos prédios com uma estrutura em grades.
E é Anna Connelly quem merece os parabéns por essa super invenção, sendo a primeira pessoa a criar uma escada de externa de aço, que já salvou muitas vidas.
Além disso, a criação e a patente datam de 1887 e, logo no ano de 1900, essas escadas se tornaram obrigatórias nos Estados Unidos. Com efeito, reduziram muito o número de vítimas de incêndios no país.
Sendo assim, o projeto de Anna Connelly foi de fato uma ideia revolucionária de tornar os edifícios mais seguros em casos de incêndio. Como resultado, pela sua estrutura gradeada, impedia que as pessoas caíssem durante o pânico em emergências. Ao mesmo tempo, a estrutura também facilitou e tornou mais seguro o trabalho dos bombeiros, que podiam acessar áreas específicas para combater o fogo mais rápido.
Outro ponto de destaque dessa invenção é que a escada posicionada na parte externa do prédio permitiu que todos se adequassem às medidas de segurança, sem a necessidade de uma super reforma nos condomínios.
Software de computador
Graças à criação de Grace Hopper, temos uma das invenções de mulheres que mais marcaram a história: os softwares de computadores.
Nesse sentido, Grace foi analista de sistema da marinha dos Estados Unidos entre os anos de 1940 e 1950 e criadora do COBOL (Common Business Oriented Language), um processador de banco de dados utilizado até os dias de hoje.
Além de criar esse sistema, Grace é reconhecida como a pessoa que criou o termo “bug”, utilizado para apontar uma falha em códigos-fonte. Só para ilustrar, a invenção do termo teria surgido quando Grace estava procurando pelo problema que estava afetando seu computador. Em seguida, ao desmontar a máquina, encontrou um inseto, que em inglês significa bug.
Após a Marinha, Grace foi contratada para trabalhar na Eckert-Mauchly como matemática sênior na equipe de desenvolvimento que foi responsável pelo primeiro computador comercial nos Estados Unidos.
Invençoes de mulheres: Transmissor Wireless (sem fio)
Invenções de mulheres, como a citada acima, contribuíram e muito para a invenção de Hedy Lamarr: a base para a transmissão do Wi-Fi.
Nascida em Viena e filha de pais judeus, teve dois casamentos abusivos. Além disso, ganhou fama como atriz com o filme “Êxtase”, onde seu papel desempenhou a primeira cena de um ato sexual finalizando com orgasmo, o que deixou seu rico e poderoso primeiro marido enfurecido.
Em seguida, no ano de 1933, já separada do primeiro marido, Hedy Lamarr se casa mais uma vez. No entanto, mais uma vez, cai nos braços de um homem super conservador e controlador, que mantinha relações profissionais com a elite nazista.
Em 1937, Hedy Lamarr consegue fugir do país e se naturalizar norte americana. Nesse sentido, foi a partir dessas experiências de vida que, durante a Segunda Guerra Mundial, Grace criou um aparelho de interferência em rádio que conseguia despistar radares nazistas.
Algoritmo de computador
Aqui vai mais uma grande descoberta que faz parte das invenções de mulheres que, infelizmente, ainda pertence a uma área dominada por homens: algoritmo de computador.
E o nome da inventora é Ada Lovelace: a mulher que criou o primeiro algoritmo para ser processado por uma máquina. Isso a torna, então, a primeira programadora da história. Nesse sentido, sua invenção impactou e impacta a vida de todos nós, todos os dias.
Ada Lovelace nasceu em 1815 na cidade de Londres e foi a única filha de Lord Byron e a Baronesa Byron. Lord Byron abandonou sua família, pois não aceitava ter uma filha mulher. Já a mãe de Ada, desde cedo, a incentivou o gosto pela matemática e lógica, esperando que, assim, ela não tivesse a insanidade de seu pai.
Além disso, por volta de 1840, Ada trabalhou em projeto sobre Máquina-Analítica, que foi a primeira máquina que era programada para executar todos os tipos de comando. Sendo assim, Ada percebeu que a máquina poderia ser muito mais eficaz do que era. Por isso, criou diversas notas sobre a máquina que, quase cem anos depois, veio a ser o primeiro algoritmo de computador.
Invenções de mulheres: Tecnologia 3D
Valerie Thomas é uma mulher, negra, cientista que contribuiu nesse conjunto de invenções das mulheres, com a imagem 3-dimensional.
Nesse sentido, Valerie inventou o transmissor de ilusão 3D, que é uma ilusão de ótica de uma imagem 3-dimensional que parece real aos olhos, e o patenteou em 1980.
Além disso, Valerie nasceu em 1943, em Maryland, nos Estados Unidos, e desde criança demonstrava seu interesse pela ciência. Sendo assim, na faculdade, cursou Física, sendo, na época, a única aluna do curso.
Trabalhou para NASA, onde desenvolveu sistemas de dados para computadores em tempo real que apoiavam os centros de controle de operações de satélite, onde também desenvolveu sistemas de processamento de imagem e uso de tecnologia voltado para a agricultura.
Em síntese, Valerie sempre foi comprometida em dar algo às comunidades. Para tanto, dedicou anos interligando alunos de ensino fundamental com alunos da universidade, com um modelo para potenciais engenheiros jovens negros e cientistas.
Tratamento de catarata
Também entra em nossa lista de invenções de mulheres uma inovação que foi um grande marco para medicina: o tratamento a laser para catarata. E a grande mulher por trás disso foi Patricia Bath, uma oftalmologista norte-americana que foi pioneira em vários aspectos.
Nesse sentido, Patricia Bath nasceu em 1942, em Nova York, filha de Ruper, que era colunista de jornal e comerciante, e de Gladys, que era empregada doméstica. Patricia demonstrava seu interesse pela ciência desde jovem e chegou a ganhar uma bolsa de estudos na National Science Foundation.
Em 1964, se graduou em química e, em 1968, se formou em medicina. Em seguida, se especializou em oftalmologia e transplante de córnea. Além disso, foi a primeira mulher negra a patentear uma invenção médica, com o seu inovador método para remover lentes de catarata utilizando laser, o que tornou o procedimento muito mais preciso.
Patricia Bath publicou um artigo que demonstrou que a taxa de cegueiras entre as pessoas pretas é muito maior do que em pessoas brancas. Sendo assim, a partir desse estudo, desenvolveu o campo de estudos de oftalmologia de comunidade. Além disso, sempre apoiou a iniciativa de saúde comunitária destinada a reduzir os casos de cegueira por meio de cuidados preventivos e outras medidas.
E aí, o que acharam dessas invenções de mulheres?