Dia mundial da saúde: a importância da data

O dia mundial da saúde é comemorado no Brasil na data de 7 de abril e tem como principal função a conscientização da preservação da saúde para obtenção de uma melhor qualidade de vida. 

Além disso, é uma data que pretende estimular a criação de políticas públicas voltadas ao bem-estar da população. E, mais do que nunca, a conscientização da preservação da saúde é um assunto que precisa estar em pauta nos debates, pois, uma vez que estamos vivendo em uma pandemia, cuidar da nossa saúde individual é muito importante para garantirmos a proteção dos outros, visto que vivemos em comunidade.

Essa semana, no blog da cerveja Sapatista, vamos falar da iminência dessa data e de dois assuntos que possuem uma relação muito importante e precisam com urgência ser o foco do momento: saúde e ciência.

Dia mundial da saúde: breve histórico

O dia mundial da saúde foi criado pela Organização Mundial da Saúde – OMS em 1948, devido à preocupação de seus integrantes em manter o bom estado de saúde das pessoas em todo o mundo e também alertar sobre os principais problemas que podem atingir a população mundial. 

Oficialmente, esse dia é comemorado em 07 de abril, desde o ano de 1950. Essa data também celebra a constituição da organização, que é subordinada à Organização das Nações Unidas (ONU). Sua sede fica em Genebra, na Suíça. O objetivo da organização é desenvolver ao máximo o nível de saúde do planeta, não apenas evitando enfermidades, mas auxiliando no estado de completo bem-estar físico e mental.

Além disso, o dia mundial da saúde é destinado anualmente a discutir um tema específico que representa uma prioridade na agenda internacional da OMS. Sendo assim, cada ano um tema diferente é escolhido, buscando promover a sensibilização entre os seus Estados-Membros. No ano passado, o tema da celebração foi relativo aos profissionais de enfermagem e todas as equipes de saúde, por sua heroica dedicação e sacrifício na luta global para impedir a disseminação da Covid-19. Esse ano, o tema a ser discutido na data é “Construindo um mundo mais justo e saudável” e, em sua campanha, a organização pede aos líderes que garantam que a equidade na saúde seja a peça central de nossa recuperação da COVID-19.

Dia mundial da saúde e definição de saúde

O dia mundial da saúde serve para questionarmos o que realmente é ser uma pessoa saudável. Muitas pessoas consideram-se saudáveis quando estão sem nenhuma doença; porém, a falta de enfermidades não significa necessariamente a presença de saúde. Para se considerar que uma pessoa está saudável, precisamos analisar um conjunto de fatores, tais como qualidade de vida e aspectos mentais e físicos.

Em 1946, a Organização Mundial da Saúde aprovou um conceito que visava ampliar a visão a respeito do que seria estar saudável.

Ficou definido que a saúde é um estado de completo bem-estar físico, mental e social e não apenas a ausência de doença ou enfermidade. 

De acordo com esse conceito, percebemos que a saúde plena não é um estado fácil de ser alcançado, principalmente em uma sociedade tão desigual quanto a que estamos inseridos. No contexto da pandemia, sabemos que ela afeta a todos, mas que é de uma forma muito desigual. Nesse sentido, a saúde deve ser vista como uma forma de total bem-estar, que é conseguida não só por meio do tratamento de doenças ou de sua prevenção, mas também da qualidade de vida. E como garantimos isso para toda a população?

De acordo com a Lei n° 8.080, de 1900, a saúde é um direito fundamental do ser humano, devendo o Estado ser responsável por disponibilizar as condições indispensáveis ao seu pleno exercício. Assim, para haver saúde, alguns fatores são determinantes como: 

  1. A alimentação
  2. A moradia
  3. O saneamento básico
  4. O meio ambiente
  5. O trabalho
  6. A renda
  7. A educação
  8. A atividade física
  9. O transporte
  10. O lazer
  11. O acesso aos bens e serviços essenciais

Uma vez que é papel do Estado garantir a qualidade de vida de cada cidadão, é fundamental que, além de cuidarmos da nossa saúde, participemos da luta por melhorias em nosso país, cobrando atitudes responsáveis de nossos governantes.

Dia mundial da saúde e ciência: qual a relação?

No âmbito da pandemia, termos como PCR, carga viral, cobertura viral, muito ouvidos nos noticiários nesse último ano, demonstram que a relação entre saúde e ciência é íntima. As duas áreas sofrem intensos ataques no projeto de morte do atual governo brasileiro. 

Para se ter uma ideia, na previsão orçamentária do Governo Federal para 2021, o Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI) deveria perder 34% de sua verba anual. Isso é ilógico se pensarmos que já foram ceifadas mais de 322 mil vidas brasileiras, e a pandemia não aparenta estar perto de acabar. 

Além disso, para o nosso desespero, desde que ganhou a eleição, em 2018, o atual presidente se coloca como um líder negacionista científico, confrontando medidas de isolamento social.

Como consequência, a sangria no ministério respinga no desenvolvimento de pesquisas. Mais de 60% delas são bancadas pela tríade que experimentou cortes em sequência, formada pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e o Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (FNDCT), além da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES). 

No Brasil, grande parte da pesquisa científica é realizada nas universidades públicas e financiada através de bolsas fornecidas por essas frentes. O presidente apoia a tese de que as universidades públicas são antros de balbúrdia e privilegiou ministros, secretários e servidores adeptos das teorias do terraplanismo ou do criacionismo, que vão contra os fundamentos científicos.

Por isso, o dia mundial da saúde é um lembrete de que saúde, educação, ciência, tecnologia e inovação devem ser concebidos como investimentos determinantes de um projeto nacional para o desenvolvimento econômico e social do país. E serve para ficarmos alertas a respeito das crescentes medidas restritivas do atual governo, que comprometem gravemente não apenas o avanço de pesquisa e o desenvolvimento de produtos para a sociedade brasileira, como também a capacidade do Brasil na resposta e prevenção de crises sanitárias, como a que estamos vivendo nesse momento.

Porém, apesar dos cortes recentes no investimento em pesquisa científica e do posicionamento negacionista do governo, diversas conquistas para o diagnóstico da contaminação por coronavírus e na corrida pela vacina tiveram como protagonistas instituições e pesquisadores brasileiros. Embora o Brasil seja o 11° país do mundo em volume de pesquisas sobre a covid-19, ainda depende de recursos extras para alcançar relevância mundial.

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Dia mundial da saúde e a valorização dos profissionais da saúde

O dia mundial da saúde deve ser também uma data para lembrar por aqui e questionar sobre melhores condições para os profissionais que se dedicam diariamente a profissões essenciais e pouco valorizadas no Brasil.

Hoje, o país conta com mais de 200 mil estabelecimentos de saúde (ambulatorial ou hospitalar), possui cerca de 430 mil leitos e emprega diretamente mais de 3,5 milhões de profissionais da saúde. 

Se o cenário anterior à pandemia já indicava condições complicadas, como aumento da carga de trabalho, baixos salários e necessidade de recorrer a múltiplos empregos para sustentar o domicílio, desse quadro de profissionais majoritariamente feminino (70%), a pandemia impôs diversos outros desafios, como insegurança, sobrecarga de trabalho, stress e adoecimento físico e mental para boa parte dos profissionais da saúde na linha de frente da pandemia.

Somado a isso, os maiores desafios são a adoção de políticas eficazes nos níveis nacional e regional que incluam investimentos adequados para superar a escassez de recursos humanos, a regulação e a melhoria das condições de trabalho.

Além disso, os auxiliares e técnicos de enfermagem, maior contingente de profissionais de saúde, representando mais de 1,4 milhões de trabalhadores, também são os que mais sofrem com a falta de reconhecimento do trabalho, valorização salarial e elevada carga horária de trabalho durante a pandemia e no período que a antecedeu. Diversos profissionais foram obrigados a trabalhar com sintomas da Covid-19, ausência de equipamentos de proteção individual adequados, falta de testagem e capacitação. Não obstante, esses profissionais foram afastados da família para cumprir a sua função de cuidar do outro.

COVID-19 escancara as condições precárias de trabalho dos profissionais da saúde

A pandemia do novo coronavírus serviu como pano de fundo para escancarar as condições precárias que tantos desses profissionais vivenciam em seus trabalhos. 


Duas pesquisas realizadas em 2020 e 2021, uma realizada pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e outra da Internacional de Serviços Públicos (ISP) mostraram que a situação caótica do país, em meio às negligências governamentais agravadas pela pandemia, estão trazendo muitos problemas aos profissionais que estão trabalhando na linha de frente. Em ambas as pesquisas, as evidências mostraram desgaste físico e emocional, insônia, desejo de suicídio, dentre outras características fruto da precarização do trabalho desses profissionais. Portanto, é de fundamental importância, nesta data, reconhecer, valorizar, respeitar e celebrar o trabalho de médicos, intensivistas, paramédicos, farmacêuticos, técnicos e todos os profissionais de saúde na linha de frente da assistência à saúde dos pacientes da Covid-19.

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Dia mundial da saúde e a reflexão sobre as desigualdades

O dia mundial da saúde também nos traz reflexões sobre as dinâmicas da precarização do trabalho no Brasil durante a pandemia, para além dos profissionais da linha de frente no combate do vírus. Nesse sentido, com a adoção do distanciamento social, muitos países determinaram o fechamento de setores da economia, a fim de permitir que os indivíduos ficassem em suas casas. Em alguns setores, adotou-se a estratégia do teletrabalho. Porém, logo diversas dificuldades se mostraram em relação à organização dessa modalidade, sem que grande parte dos trabalhadores tivessem a estrutura adequada para trabalhar em casa, trazendo malefícios para sua saúde. 

Sendo assim, mesmo para aqueles que tiveram potencial para o teletrabalho, a forma massiva com o qual ele foi adotado tem resultado em sobreposição do trabalho com outras atividades diárias, principalmente para as mulheres chefes de família.

Dia mundial da saúde e a reflexão sobre as desigualdades

O Brasil vive o agravamento de uma crise política, econômica, sanitária e ambiental e enfrenta o pior momento da pandemia. 

A maioria das capitais do país possuem mais de 80% dos leitos de UTI do SUS ocupados, e diversos setores pressionam o Governo para acelerar a vacinação. Além disso, o início de 2021 coincidiu com uma agressiva segunda onda de transmissão do coronavírus e os discursos contraditórios do chefe de governo que só fazem aumentar a angústia da população. 

Juntamente com a nova onda de coronavírus, surge uma onda de desinformação e fake news que desacreditam a investigação científica e estimulam ineficazes tratamentos precoces e resolutivos. As diversas teorias da conspiração formuladas, com base nesse cenário confuso, estimulam a resistência de uma parte da população em acreditar na eficiência das vacinas.

Nesse cenário, emaranhado em uma briga política interna, o governo tardou para liberar verba para a compra de vacinas no Brasil e atrasou o início da vacinação. 

Enquanto o presidente, que por muito tempo se manteve desencorajando os cidadãos para se imunizarem, estimulou o tratamento através do uso de medicamentos sem comprovação científica contra o coronavírus. Segundo médicos do Hospital das Clínicas da Universidade de São Paulo (USP) e do hospital da Universidade de Campinas (Unicamp), o uso indiscriminado de medicamentos do chamado “kit Covid”, como ivermectina, hidroxicloroquina e azitromicina tem levado pacientes a desenvolverem graves lesões no fígado, que demandam até necessidade de transplante. A hepatite medicamentosa, em alguns casos, pode levar os pacientes à morte. Nesse contexto, a OMS recomenda que a ivermectina e a hidroxicloroquina não sejam utilizadas para tratamentos de pacientes com covid-19, exceto em casos de estudos clínicos.  

A falta de liderança nacional ainda levou diversos governadores a se articularem para tentar negociar vacinas enquanto o cronograma de entrega do Ministério da Saúde sofreu atrasos. A pressão parte também dos empresários, que enxergam na vacinação em massa a saída para fazer a economia voltar a girar.

Para nossa sorte, nas últimas semanas, após ver sua aprovação cair e parte de seus apoiadores abandonarem o discurso antivacina que alimentava, o presidente parece mudar sua retórica. Porém, embora o governo venha anunciando novas negociações com vários laboratórios, para demonstrar seu esforço em correr atrás do prejuízo na aquisição dos imunizantes, na prática, ainda o cronograma de entrega de vacinação está cheio de atrasos. 

Que nesse dia 07 de abril, dia mundial da saúde, tenhamos consciência sobre a importância de cuidar de nós e dos outros, crença na ciência e esperança por boas novas. 

Para mais informações sobre a pandemia do novo coronavírus, acesse o site oficial da Organização Mundial da Saúde.