No meio da cerveja e na sociedade em geral, sabemos que a luta é infinita para conquistarmos nosso lugar de direito. É por isso que sempre falamos que nossa cerveja é feita por mulheres e não hesitamos em trazer assuntos ressaltando a importância de exaltar a força da mulher aqui no blog da cerveja Sapatista.
Já trouxemos, em outros artigos do blog, exemplos das dificuldades que a mulher passou ao longo da história para ser reconhecida como um indivíduo com direitos.
Desde a origem das civilizações, a mulher ocupava um papel de subordinação. Quando solteira, era posse do seu pai e, quando casada, passava a ser propriedade do marido. Em muitos âmbitos, a ideia de dependência predominava, fazendo com que as mulheres não pudessem agir com autonomia, precisando da confirmação do marido para que seus atos tivessem validade.
Porém, mesmo com as mudanças no código civil do Brasil, em 1916, o pensamento patriarcal dominador continua enraizado na maioria dos ambientes em nossa sociedade contemporânea. Não são raras as vezes em que a mulher ainda precisa provar sua força para conseguir alguma colocação.
Por outro lado, o século XXI trouxe uma nova realidade, com mulheres inseridas no mercado de trabalho em diversas áreas, com cargos de chefia em muitas equipes, com voz ativa na sociedade e na tomada de decisões importantes no contexto social. No entanto, ainda as desigualdades não deixaram de existir, mesmo após muitas lutas para conquistar esses espaços.
Essa diversidade no ambiente de trabalho, que traz diferentes perspectivas, vislumbra mais eficiência e inovação, oportunizando mais direitos e realidades mais justas. Quadros gerenciais em que mulheres são excluídas costumam ser caracterizados por processos engessados e com resultados menos significativos. Segundo o relatório Women in Business and Management, empresas com diversidade de gênero obtêm lucros maiores, entre 5 e 20%.
Sendo assim, a presença feminina em cargos de destaque reforça a representatividade que deve ser reconhecida por meninas e meninos desde a sua infância. Desde pequenas, precisamos compreender que podemos ser o que quisermos, e isso pode começar pelo exemplo. Precisamos e devemos nos reconhecer em cargos públicos, na gestão de empresas, em canais de comunicação, como líderes comunitárias e o que mais quisermos ser.
Porém, sabemos que, para usufruirmos de alguns direitos que temos hoje e para estarmos aqui buscando nosso espaço, muitas mulheres lutaram antes de nós. Mas o que carregamos em nós de nossas ancestrais que nos empodera e dá força? O que carregamos que nos puxa para trás e impede que tenhamos plena realização profissional?
A força da mulher empreendedora
O empreendedorismo feminino envolve as iniciativas empreendedoras realizadas por mulheres. Dentro desse contexto, muitas vezes, temos uma imagem deturpada sobre quem empreende no Brasil. Geralmente, pensamos em grandes empresários. Porém, pequenas produtoras locais, profissionais individuais e startups com lideranças femininas também compõem uma importante parcela das empreendedoras do país. Todas essas ações são benéficas para a economia e para a sociedade como um todo, pois, a partir disso, as perspectivas se tornam mais diversas, inclusivas e inovadoras.
Porém, entrar no mundo do empreendedorismo feminino no Brasil não é uma tarefa fácil, e muitas mulheres decidem criar um negócio próprio por necessidade, afinal, 45% dos lares brasileiros são chefiados por elas. Aspectos como a busca por horários flexíveis e a dificuldade de inserção no mercado de trabalho acabam incentivando muitas mulheres a empreender.
Os desafios nesse meio são diversos, várias empreendedoras precisam lidar com a dupla jornada, ou seja, cuidar do negócio, da casa e dos filhos. Além disso, muitas enfrentam o medo de falhar e a dificuldade de serem levadas a sério no mundo dos negócios. Apesar disso, o empreendedorismo feminino é uma ferramenta importante no caminho para a independência financeira da mulher. Também é uma forma de gerar empregos e apoiar outras mulheres, incentivando a obter realização pessoal e fazer a diferença na economia e na sociedade.
Em relação ao microempreendedorismo individual, as mulheres trabalham principalmente em atividades de beleza, moda e alimentação. De acordo com um estudo do SEBRAE de 2018, a maioria das empreendedoras atua nas áreas de alimentação, serviços domésticos e comércio varejista de roupas e cabelo. Esse estudo serviu para evidenciar como ainda há poucas mulheres donas de empresas de tecnologia e engenharia, por exemplo. Dados que refletem a influência maior que os homens têm para lidar com disciplinas de exatas desde a época escolar. As mulheres empreendedoras também enfrentam desafios para obter crédito e financiamentos. Elas acessam, em média, R$ 13 mil a menos do que o valor liberado aos homens. Outro dado é que as mulheres têm índices de inadimplência mais baixos. Mesmo assim, elas pagam taxas de juros 3,5% maiores do que a dos empreendedores.
Para a mulher que empreende, existe a possibilidade de conquistar uma autonomia financeira e maiores chances de interromper ciclos de violência doméstica, por exemplo. Além disso, muitas vezes, essas mulheres se tornam fontes de inspiração para que outras mulheres se tornem independentes financeiramente. Mais do que a busca por lucro, o empreendedorismo feminino auxilia a construir uma história de protagonismo e realização pessoal.
A força da mulher que se acha impostora
Grande parte das mulheres padecem dessa síndrome. Uma situação que pode ser definida como a falta de autoestima para desempenhar uma função em espaços tradicionalmente masculinos, o que leva à necessidade de trabalhar muito mais e melhor para ter direito a esse reconhecimento.
Sobre os fatores que influenciam nisso, são cruciais uma baixa autoestima e uma excessiva auto exigência, se tratando do reflexo de um problema social. A socialização diferenciada, pela qual a maioria dos homens e mulheres passam, sendo educados com papéis e valores distintos, cria essa situação de se sentir impostor, que ocorre principalmente entre mulheres.
Se você sente constantemente que o que você faz não é bom o suficiente, você pode ter a chamada síndrome da impostora. É um termo psicológico que descreve um padrão de comportamento no qual você duvida de suas realizações e tem um medo persistente de ser exposto como uma fraude, como incompetente.
A síndrome do impostor acontece quando você subestima o quão bom você realmente é e quando você acredita que é necessário saber tudo. É necessário permitir-se continuar aprendendo e aceitar que todos têm suas vulnerabilidades, não importa o cargo atual ou idade.
A ideia que fica na síndrome da impostora é que não se trata de um problema de cada mulher individualmente, mas de uma questão que tem a ver com os estereótipos de gênero. Por isso, não se trata somente de um empoderamento individual, mas coletivo. É um tema que teríamos de tratar de modo global.
Para superar essa síndrome, é essencial buscar a ajuda de um especialista ou de um grupo para expressar os seus sentimentos, pois você descobrirá que não está sozinho nessa – a síndrome da impostora é mais comum do que pensamos!
A força da mulher com jornada dupla e tripla
A sociedade nos questiona o tempo todo. Tem namorado? Vai casar quando? Vai ter filhos? Terá só um filho? Para as mulheres, muitas vezes, a temática carreira é secundária em relação a qualquer uma destas outras perguntas. No entanto, para os homens, a temática carreira sempre aparece entre as principais questões.
Há algumas décadas, as mulheres eram responsáveis apenas pelos cuidados da casa, deixando de lado qualquer sonho profissional assim que se casavam. Limpar a casa e cuidar das refeições eram suas principais obrigações. Isso ainda quando a mulher não tinha filhos! A partir da primeira gestação, a mulher deveria deixar a casa limpa, providenciar as refeições e cuidar dos pequenos.
Atualmente, as mulheres correm atrás de seus sonhos profissionais. Estudam, trabalham, são donas de empresas. Quando chegam em casa, no entanto, elas ainda são responsáveis pelas tarefas domésticas e pelo cuidado com os filhos.
Segundo a Organização Internacional do Trabalho (OIT), a mulher brasileira trabalha 5 horas semanais a mais que os homens. O tempo é calculado levando em consideração a jornada fora e dentro de casa, o que inclui as atividades domésticas. Segundo os dados, os homens trabalham 43,4 horas por semana fora de casa e 9,5 horas em casa, enquanto as mulheres possuem uma jornada de 36 horas no mercado de trabalho e 22 horas em casa.
É costume cultural, na maioria dos lares brasileiros, a dupla ou tripla jornada da mulher. Além de ter que lidar com a desigualdade no mercado de trabalho, as mulheres precisam trabalhar em casa, de forma não remunerada, em que elas terão que cumprir todas as atividades antes de poder descansar para a rotina do trabalho no dia seguinte. A saída da mulher do lar não foi acompanhada por uma mudança na divisão sexual do trabalho. Assim, elas ainda são as principais responsáveis pelas atividades domésticas.
A jornada dupla ou tripla pode diminuir a autoestima da mulher. De acordo com a pesquisa, a maioria das entrevistadas se queixaram de não possuir um pouco mais de tempo para cuidar de seus interesses individuais. Além do esgotamento físico, a extensa jornada de trabalho feminina pode também causar transtornos psicológicos, depressão, estresse e Burnout.
E você, é uma mulher forte ou conhece outras mulheres que deveriam ler esse texto para encontrar força? Envie nosso artigo e uma cerveja Sapatista para inspirarmos outras mulheres a conquistar seus espaços.